Visitamos o Centro de Operações do Rio de Janeiro

Tecnologia de ponta e cruzamentos de informações para tomar decisões em momentos de crise e organizar eventos.

Thássius Veloso
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• Atualizado há 1 ano
Centro de Operações Rio (foto: Thássius Veloso / Tecnoblog)
Centro de Operações Rio

Do mezanino, jornalistas das principais rádios acompanham as informações minuto a minuto. Emissoras de televisão têm link direto com o estúdio para trazer as últimas notícias. Lá embaixo, mais de 20 operadores monitoram cada pequeno aspecto do funcionamento da segunda cidade mais importante do país (na minha humilde opinião de carioca). O Tecnoblog visitou o Centro de Operações mais moderno do mundo. Ele fica no Rio de Janeiro.

A história do Centro de Operações se confunde com a de uma tragédia durante as chuvas na cidade. Pessoas morreram com os deslizamentos de dois anos atrás. Daí surgiu o interesse do prefeito em gerenciar situações de crise a partir de um único lugar. Meses depois, com a ajuda da tecnologia, nascia a sala de controle que abraça todos os aspectos operacionais do Rio de Janeiro.

O visitante que chega ao edifício do Centro de Operações, ali pertinho da prefeitura, no centro do Rio, espanta-se com a quantidade de monitores interconectados para gerar um grandioso telão. São 80 telas que apresentam em tempo real (ou próximo disso) dados de trânsito, meteorológicos e de funcionamento dos serviços básicos.

Google Earth com dezenas de camadas de informação (foto: Thássius Veloso / Tecnoblog)
Google Earth com dezenas de camadas de informação

No centro, um mapa com cara de Google Earth foi personalizado com dezenas de camadas de informação exclusivas dos órgãos da prefeitura para trazer detalhes completos de cada região e cada serviço da cidade. Cada ocorrência fica registrada ali, com zoom automático para exibir o entorno do local afetado. Seja ação da polícia ou uma emergência com bueiros, os operadores sabem exatamente o que se passa na região próxima e são capazes de tomar decisões a partir dessas informações.

Monitoramento (foto: Thássius Veloso / Tecnoblog)
Monitoramento

De onde vêm as informações? Nada menos que 30 órgãos ligados à prefeitura: Defesa Civil, Guarda Municipal, CET-Rio (companhia de tráfego da cidade), administração do Túnel Rebouças, Ponte Rio-Niterói, Bombeiros, Polícia Militar, acrescidos de diversas secretarias municipais e concessionárias de serviços públicos, como Light (eletricidade) e CEG (gás). Cada companhia tem um centro de controle próprio que direciona as informações para o Centro de Operações, de onde o prefeito toma decisões.

O Big Brother também marca presença no Centro de Operações Rio (COR). Nos diversos monitores aparecem imagens ao vivo geradas por 500 câmeras da prefeitura e companhias parceiras. Operadores têm acesso a imagens em 360º por meio de controle remoto dos equipamentos. Embora nem todas as câmeras contem com o recurso, deu para ver que a tecnologia permite movimentar e dar zoom para ter imagens mais nítidas. Não se passa um minuto sem que vários monitores troquem automaticamente de câmera bem ali, diante dos olhos de quem é pago para ficar de olho na cidade.

Outro aspecto importante para o funcionamento de uma cidade, o trânsito requer cuidado especial. Concessionárias de trechos metropolitanos devem posicionar painéis informativos que, conectados ao COR, exibem mensagens determinadas pelos operadores da prefeitura. Eu vi o processo todo: um operador determina o tempo de travessia de um trecho e modifica, num aplicativo específico rodando no Windows mesmo, a mensagem exibida aos motoristas. Leva cerca de 30 segundos para que o texto seja transmitido e apareça ali na avenida, para ajudar os cidadãos a dirigirem munidos de informações preciosas.

Operador troca a mensagem de um painel em poucos segundos (foto: Thássius Veloso / Tecnoblog)
Operador troca a mensagem de um painel em poucos segundos

Chamado de PMAR, um mapa específico para o Rio de Janeiro traz detalhes meteorológicos da cidade com previsões feitas a partir de um modelo climático único, desenvolvido pela IBM para este fim. O software considera a topologia da cidade para determinar se há perigo ou se os habitantes e transeuntes não precisam se preocupar. Ao sinal de qualquer problema, sirenes instaladas em áreas de risco pela Geo-Rio, a empresa de geologia da prefeitura, são acionadas rapidamente dali.

O Centro de Operações atende o cotidiano da cidade, mas serve também para planejar situações excepcionais. Organização para o réveillon? É feito a partir do COR. Esquema de transporte para o show do Paul McCartney no Rio? COR. Planejamento para a Copa do Mundo em 2014? Novamente a resposta é COR.

"Timeline" mostra últimos incidentes na cidade (foto: Thássius Veloso / Tecnoblog)
“Timeline” mostra últimos incidentes na cidade

Não é por acaso que a sala de controle da prefeitura carioca virou notícia em diversos países e em congressos promovidos pelas maiores cidades do mundo. O prefeito Eduardo Paes foi ao TED contar sobre a experiência. Pelo que vi, traz facilidade na tomada de decisão quando há uma crise e permite antecipar eventos futuros com inúmeras variáveis verificadas nos computadores da prefeitura. Só faltou mesmo conhecer o mainframe que cruza e processa os dados antes de exibi-los na tela grande. Vai ficar para outra oportunidade.

O COR funciona 24 horas por dia, sete dias por semana.

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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