No começo do mês passado a Claro anunciou que começaria um circuito de testes da rede 4G em cidades brasileiras. Uma dessas cidades é Campos do Jordão, no interior de São Paulo. Hoje a operadora convidou membros da imprensa para uma coletiva nessa cidade para demonstrar a velocidade do 4G. E o TB estava lá para ver o potencial dessa rede.

Presidente da Claro, Carlos Zenteno, e Ministro Paulo Bernardo

Na coletiva, a Claro detalhou também o motivo de escolha das cidades para testar o 4G: as suas diferentes topografias. Búzios, Campos do Jordão têm, respectivamente, uma área litorânea e montanhosa, em que a operadora pode testar os efeitos da rede. Uma cidade que não estava na lista mas que recebeu uma antena para testes executados hoje foi Brasília, que tem uma topografia plana.

Na demonstração, foram baixados 10 arquivos de 1 GB cada. | Clique para ampliar

Em demonstrações do 4G, a velocidade de transferência de arquivos atingiu picos de 58 megabits por segundo. E isso condiz com a ideia da Claro, que é permitir que o usuário execute tarefas no 4G que ele já está acostumado a fazer na banda larga fixa, como assistir streaming de vídeos, jogar, fazer videochamadas e outros itens.

Mas o quanto dessa banda estará disponível na comercialização do serviço ainda não sabemos. A Claro não quis revelar se vai manter o modelo de negócios atual para seus planos de dados, que inclui uma franquia máxima. Curiosamente, por todo o canto da coletiva a marca “4G Max” estava exposta, então pelo menos sabemos como a operadora planeja nomear o serviço.

Quando eu testei o 4G com um notebook fornecido pela operadora, consegui ver picos de 52 Mbits por segundo no Speedtest.net e o upload ficou na casa dos 14 Mbits por segundo.

Speedtest: uau.

Também executei testes com o medidor de velocidades do EAQ, da Anatel. E ele me deu médias de 22 Mbits por segundo de download.

Testeb no EAQ: um pouco menos de uau.

Curiosamente, o modem fornecido para testes, da Huawei, foi instalado no sistema e detectado como uma placa de rede WiFi.

Modem de teste: um papel colado em cima me impediu de descobrir o modelo | Clique para ampliar

Na teoria, a velocidade que o 4G LTE da Claro pode atingir é de 100 megabits por segundo. E mesmo que, por enquanto, a operadora planeje cobrir até abril de 2013 as capitais da Copa das Confederações, até o final do ano que vem um total de 11 capitais brasileiras estarão com cobertura 4G, entre elas Manaus, São Paulo e Cuiabá.

Metas da Claro para dezembro do ano que vem | Clique para ampliar

Sobre os preços, a Claro ainda não tem nada definido. Carlos Zenteno, presidente da empresa, disse que tudo depende muito da maior disponibilidade de aparelhos no mercado brasileiro. E ele deixou escapar, mais uma vez, que o Motorola RAZR HD será o primeiro aparelho com 4G a ser vendido pela operadora, mesmo que ele não tenha sido anunciado oficialmente ainda. Ele chega no final de setembro.

A infraestrutura do 4G é de responsabilidade da Ericsson e da Huawei. Especificamente nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os equipamentos da Ericsson serão usados, enquanto a Huawei vai equipar as redes da Claro nos estados do cetro-oeste e nordeste. As demais áreas ainda não tem definição por enquanto, segundo Zenteno.

Para sustentar as comunicações e permitir mais usuários na rede (tanto móvel quanto fixa), a Claro vai soltar mais um cabo submarino ligando o Rio de Janeiro e indo para Fortaleza para depois sair para Os EUA. E isso está incluído nos 6,3 bilhões de reais que a operadora planeja investir na sua infraestrutura até 2014.

Como um todo, o 4G da Claro impressionou quem viu. Mas como sempre no mercado de telecomunicações, vemos muitas promessas que podem ou não ser cumpridas no futuro. E vale lembrar que a Sky é uma operadora que já oferece uma espécie de 4G fixo em Brasília – talvez por isso a Claro tenha decidido incluí-la nos testes. A minha expectativa é que, quando a rede das operadoras for finalmente lançada em abril de 2013, os planos serão muito mais caros do que os atuais e terão limites ainda maiores. E isso deve acompanhar também o preço dos smartphones com a tecnologia.

Estou sendo pessimista demais? Digam vocês.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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