Review Motorola Defy: o Android que sabe nadar

O Motorola Defy possui um processador de 800mhz, tela de 3.7 polegadas e roda o Google Android 2.1. Além disso o celular é a prova d'água.

Rafael Silva
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• Atualizado há 11 meses

Anunciado em meados de 2010, o Defy é mais um dos celulares no extenso catálogo de Androids da Motorola. Como tal, ele precisa ter uma característica única para de alguma forma se sobressair não só sobre a concorrência mas também sobre os demais aparelhos da própria empresa. E por isso o Defy foi construído com resistência à poeira e líquidos.

Se fosse só isso, eu diria que o Defy é um celular para dois nichos bem específicos. O primeiro deles é o grupo de desastrados que vivem derrubando o celular na privada (e segundo o orkut, esse é um grupo bem grande). O segundo grupo e mais difícil de alcançar é composto de um membro só: o Aquaman. Mas o Defy parece ser bem mais do que um celular resistente, com sua câmera de 5 megapixels e processador meio decente. Ele então desafia expectativas ou é só mais um Android da Motorola? Leia a seguir para descobrir.

Vídeo-review


(YouTube)

Design

O Defy com certeza não é o primeiro celular feito para resistir a poeira e líquidos. Mas ele é a prova de que aparelhos com essa vantagem não precisam ser necessariamente feios. O design deixa bem evidente seus parafusos laterais, talvez como forma de assegurar para o usuário que nenhuma forma de líquido vai mesmo chegar aos circuitos internos dele se o celular estiver muito bem lacrado. Esse também é conhecido como o efeito Entei: tá tudo bem agora.

Tirando os detalhes que fazem dele um pouco indestrutível, o Defy é um celular em barra comum, com botão de ligar e desligar no topo, controle de volumes nas laterais e uma tampa de bateria com uma trava consideravelmente forte. o que faltou no design foi um botão dedicado à câmera, que é muito boa e devia ter uma maneira rápida de acesso. Mas nada que um atalho na home screen do Android não resolva.

Tela e multimídia

Outro componente que faz do Defy mais resistente do que os aparelhos normais é a tela de Gorilla Glass. Ela resiste mais do que o normal a riscos acidentais que ocorrem, por exemplo, quando as chaves estão junto com o celular no bolso, além de também ser mais resistente à quedas. Mas a tela ainda peca bastante se estiver contra o sol. Mesmo com o brilho no máximo, tive dificuldade em saber onde tocar.

Os usos multimídia do Defy são um pouco limitados. Embora ele tenha ótimas funções de playback de música por causa da integração do aplicativo Music+ direto no dispositivo, não há um aplicativo específico para tocar vídeos. O usuário desse celular precisa adivinhar que os arquivos de vídeo serão visualizados no gerenciador de arquivos para poder assisti-los. Essa é uma desvantagem do aparelho porque o Android suporta vários formatos de vídeo, não só de áudio.

O celular também é compatível com o padrão DLNA de compartilhamento de arquivos, então se você tem uma TV ou algum equipamento que também use esse padrão, não vai precisar de cabos para ver as fotos, vídeos e ouvir músicas ou sincronizá-los. Se você não é tão early adopter assim, o bom e velho esquema de compartilhar arquivos usando o cabo USB é a única maneira.

Qualidade de chamada e dados

Não sei se foi por causa da proteção contra líquidos, mas o Defy tem um som um pouco mais abafado no fone do que os celulares que eu já testei. Não é algo que incomoda ou degrada a ligação, de forma alguma. Você só vai ouvir a voz sair diferente, porém bem nítida. Esse efeito foi causado pela tecnologia CrystalTalk, que elimina ruídos ambientes e ajuda a ouvir o interlocutor com mais clareza. Mas ela ainda merece alguns ajustezinhos aqui e ali.

Algumas vezes perdi o sinal de voz, o que já é normal em uma cidade do tamanho de São Paulo. Isso, claro, combinado com o fato de que eu pareço programado para encontrar mais pontos cegos na cobertura da TIM do que uma instituição de ensino de braile. A perda de sinal não foi constante, mas quando ele sumia demorava para reaparecer e se estabelecer com suas barrinhas na tela do celular. Algumas vezes voltava com uma barra só, o que era consideravelmente frustrante.

Lá fora, alguns usuários relatam que o alto-falante do telefone deixou de funcionar alguns dias depois de comprado ou depois que o aparelho sofreu uma queda. A Motorola nunca reconheceu o problema, mas no meu caso isso não aconteceu.

Já na área de dados, a performance do Defy foi satisfatória mas parecida com o sinal de voz. Embora eu possa atribuir algumas perdas de sinais à cobertura da minha operadora, o Defy por vezes demorou mais do que deveria para encontrar um sinal 3G e se conectar a rede. Quando finalmente encontrava, eu já havia esquecido o motivo pelo qual queria acessar a internet. Ainda assim, quando há sinal, a velocidade é boa como em todo bom Android.

Câmera

Em termos de imagem estática, a câmera do Defy está muito bem servida. São 5 megapixels de resolução que podem ser tratados com alguns efeitos antes mesmo de tirar a foto. Mas o mérito da qualidade de imagem quando há pouca luz vai mesmo para o flash de LED que acompanha a câmera. Por vezes meus amigos reclamaram de tirar uma simples foto porque eu quase deixei-os temporariamente cegos com a luz. Esse é um raro caso de flash tão bom que chega a incomodar. Veja abaixo exemplos de fotos com a câmera do Defy.

A filmadora não grava vídeos maiores do que a resolução VGA, mas a qualidade é aceitável, tanto na claridade quanto no escuro. Veja por exemplo esse vídeo, gravado com o Defy durante a noite em um local com iluminação razoável. Tente ignorar a extrema periculosidade do movimento efetuado pelo meu amigo especialista em Ioiôs e focar na qualidade do vídeo.

Bateria

Segundo a Motorola, a bateria do Defy dura seis horas em chamada direta. Nos meus testes eu consegui com que ela durasse quase dois dias com chamadas regulares e sem acessar muito o WiFi. Com uso intenso, tanto de WiFi quanto da rede de dados, a bateria com 100% da capacidade de manhã já estava pedindo arrego menos de 9 horas depois, na parte da tarde.

Não é uma das melhores que já testei, mas isso pode ser atribuído em parte ao próprio Android e sua fome constante por dados. A personalização da Motorola, Motoblur, também não ajuda ao constantemente acessar a rede de dados para atualizar o Twitter, Facebook ou qualquer outra rede social cadastrada. Ao menos eles oferecem um carregador veicular dentro da caixa, o que ajuda um pouco.

Extras

O item extra mais óbvio é a resistência à água. O aparelho foi todo construído em torno dessa premissa, tanto que foi apresentado para a imprensa lá na fábrica da Motorola dentro de um copo d’água. Obviamente ele conta com protetores para as saídas de 3,5 mm do fone de ouvido e para a porta mini-USB, para que não entre nenhum líquido por elas.

O Defy também conta com o chamado Portal do Telefone Moto, que permite que o usuário configure o celular direto do navegador caso ele esteja conectado na mesma rede WiFi. Você pode adicionar favoritos, configurar toques e até gerenciar arquivos. Apesar de ser uma opção interessante e diferente, o Portal do Telefone ainda fica devendo o suporte a redes de dados e uma formatação remota, para caso ele caia nas mãos erradas.

Especificações

  • Processador de 800 MHz;
  • Tela de 3,7 polegadas com resolução de 854 x 480 pixels;
  • Câmera de 5 MP com flash em LED;
  • Android 2.1;
  • 2 GB de memória interna;
  • Suporte a DLNA;
  • Conectividade WiFi e Bluetooth.

Pontos positivos

  • Resistência à água e poeira;
  • Câmera de boa qualidade.

Pontos negativos

  • Tela altamente refletiva contra a luz;
  • MotoBlur confuso e obrigatório;
  • Bateria de pouca duração.

Conclusão

O Motorola Defy não impressiona a um primeiro olhar, com seu design e tela mediana. Mas ao ligar ele pode sim fazer arregalar os olhos de quem não esperava uma câmera tão boa em um celular tão resistente. Como boa parte dos celulares Android disponíveis hoje em dia, ele peca na vida da bateria e conta com modificações específicas da fabricante, o que pode fazer com que o usuário demore a se acostumar. Mas esses são pequenas inconveniências visto o que o Defy oferece.

O preço do Defy varia bastante de acordo com o plano e com a operadora, chegando a custar até R$ 200,00 na Claro em um plano com mensalidade de 85 reais por mês. Mas ele é normalmente encontrado nas prateleiras por R$ 1.500,00 desbloqueado.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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